No ar
vociferam as datas enferrujadas
na umidade dos lamentos,
lacrados em covardia.
No ar
desliza o punhal em corte,
ardendo em sal e em sol,
transmutando o nó de nervos
numa só dor de desastre.
Novo Ar
corrói os ídolos,
montaria dos fracos
e dos tiranos.
Novo ar
destrói as estrofes
sem equilíbrio,
mal montadas nos livros de vento.
Novo ar
constrói um folêgo
em éter,
soprado num descuido de tempestade.
Novo ar
dilacera os pulmões acorrentados,
ansiosos em abraçar sem braços
o corpo esguio do novo ar
que congela os ventos mal soprados.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.