Em quatro ampliados minutos viajei pelo mundo dos sons e construí algumas imagens que armazenei no sótão da minha displicência.
Os sapatos que subiam as escadas de madeira – imaginei-os pretos – a suportarem um corpo feminino loucamente belo, apenas coberto por um vestido curto de alças.
O chiar da porta velha, do castelo abandonado, que se abria para a minha princesa entrar.
Mas a verdade nunca morreu. Nada ocorreu. E tudo não passou de um leve pensamento.
Como um jogo, criei os sons para agregar as imagens que julgava corresponderem, como se fosse arte, julguei-me um génio criador onde tudo me era permitido.
Com o mesmo tempo, construí e destruí o jogo da sensaboria, e dele nada retirei como um ingénuo que dá os primeiros passos.