Quando era jovem e muito bem desempoeirado
Passava as minhas férias em Sever do Vouga
Passei momentos à felicidade bem atracado
É um prazer ouvir a raposa quando regouga.
Depois cresci entre o Vouga e o Trancão
Rio da vila onde nasci cresci, me eduquei
Também passei as férias grandes, de verão
Entre vinhas em Arruda que muito amei.
Cresci, fiz-me homem a minha vida mudou
Férias em Sesimbra ou na Costa da Caparica
Com o casamento, os rebentos, hoje sou avô
Voltei a Sever do Vouga beber água da bica.
Como era costume passeei nas terras de milho
Paralelas ao Vouga visíveis daquela ponte
De onda admirei a rega da terra com o meu filho
De que esse belo Rio Vouga era a fonte.
Fomos às festas e bailaricos, era já verão
Dancei, comi, bebi nessas tão belas festas
Tudo era alegria que animava o coração
E à tarde devido ao calor fazíamos a sesta.
Também belas noites passadas na desfolhada
Não muito longe da casa onde estava a eira
Mas no último ano a eira esta desfigurada
Estragada por ervas daninhas e pelas silveiras
Perguntei aos meus primos porquê aquele estado
Porque hoje já não fazemos mais a desfolhada
Hoje são as silvas que nela formam o silvado
Já não há o milho rei, apenas víboras emboscadas
A. da fonseca