Esqueça esta agonia
que arde sob os oceanos
e atrai os peixes ao suicídio.
Negue, se puder, esta alunicação
levada a descortinar a orgia
do pai com a filha,
do filho com a mãe,
do padre com a quadrilha.
Faça de novo as contas
que talvez haja um engano
nesta obrigação de apertar as cordas.
Faça de conta que é nada
e arrebente a cabeça em revelias,
suspendendo com força o pescoço.
Esqueça esta agonia
que estoura os balões coloridos
de sua infância distante.
Surpreenda-se com sua coragem
de arrancar os olhos com os dedos
e sorrir como num despedir adolescente.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo (o nome não me foi dado conhecer à época).