Nestes graves momentos insano-literários
a poesia brota das brutas botas negras.
E com os olhos, os poetas registram
movimentos submersos das águas poluídas.
O poema do momento é o sangue.
O poema do momento é o charco.
O poema do momento é o mangue.
Nestes graves movimentos insano-políticos
a poesia arrisca uns passos na pista obstruída,
retendo o lirismo como garantia.
O poeta do momento é o acaso.
O poeta do momento é um incêndio ardido
na coragem passageira de arder até as cinzas.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.