Todos diziam
(Para Cecília Meireles)
Autor: Carlos Henrique Rangel
O Sol iluminava as ruas da cidade.
As janelas brilhavam.
O chafariz jorrava a sua água límpida.
As pessoas andavam,
Ou apenas olhavam,
Ou apenas conversavam.
E todas pareciam dizer:
BOM DIA.
As árvores brincavam sobre o vento.
Folhas caiam sobre o lago da praça.
Beatas caminhavam para
a igreja em passos lentos.
Alguém cantava acompanhando os pássaros...
E todos pareciam dizer:
BOM DIA.
O velho sentado no banco, olhava.
A velha na janela, olhava.
O moço sonolento no balcão do bar, olhava.
Crianças a caminho da escola, olhavam...
As casas antigas quase novas eram olhadas...
Todos olhando, pareciam dizer:
BOM DIA.
A estação pintada de novo vendia artesanato.
A igreja cheia de fieis apresentava Deus...
A Prefeitura em seu labor burocrata, governava...
A Escola,velha anciã ensinava...
E todos os prédios com suas funções, pareciam dizer:
BOM DIA.
A menina via o menino e amava...
O menino via a bola e jogava...
O cavalo puxando a carroça... galopava...
Um carro trotava nas pedras antigas da rua e balançava.
A mãe puxava a filha...
A filha puxava a boneca...
O velho olhava a velha ...
O padre olhava o altar e adorava...
O bêbado olhava a garrafa e desejava...
O turista encantado se encantava...
E Cecília, no Céu, a todos olhava e parecia dizer:
BOM DIA.