Morri a semana passada, sim, podem crer
Se estou a escrever foi por que ressuscitei
Foi uma promessa que fiz antes de morrer,
Ouve minha querida, acredita, eu voltarei
Como sempre fui um homem de palavra
Não queria passar por um vil mentiroso
Não é uma postura que seja da minha lavra
E voltar a este mundo, dava-me muito gozo.
Quando a morte me veio visitar para me levar
Ofereci-lhe uma nova vestimenta toda preta
À condição de durante a noite me ir buscar
À bela sepultura reservada ao maus poetas.
Voltei, posso ver, ler, mas ninguém me vê
Não sou um Fack sou o mesmo que já fui
Mas façam muita atenção, se alguém me lê
Lembrem-se que sou invisível, me chamo Rui
Assim sendo, não pensem mais ao antigo
Aquele que escrevia coisas muito nojentas
Agora é a poesia nova que trago comigo
A mesma qualidade, só tenho esta sebenta.
A. da fonseca