Filas retorcem-se
em torno da vaca dourada.
E espremem,
e lambem,
e tremem,
e nada da gota esperada.
E a fila cresce,
e a multidão berra pela vaca dourada,
surda por conveniência e aventura.
Homens,
mulheres,
crianças,
e multidões nada conseguem com este nó
em torno do corpo da vaca dourada,
que não sente a sede do povo,
mas, sabe que, pouco a pouco, a fila aumenta
e põe em risco a sua reserva de ouro e poder.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.