Que sangue será este
que bebem os solitários
em suas inúteis tentativas
de encontrar pronta para o amor
a mulher das curvas de barbante?
Continuam a beber.
Bebem e bebem e nada do encontro
da hemorragia com o coágulo,
obstáculo firme que impede o desperdício
de naufragar em terra firme.
Os sábios também bebem
do mesmo sangue.
E sonham sempre encontrar
o crepúsculo tardio da doença
ardida por entre os dias ligeiros,
veleiros velozes em mar tranquilo.
Os poetas não sabem
do que beber e nem do que esperar
nestes momentos de viagens sem roteiros
por onde os solitários e os sábios
deixam cair suas lágrimas e folhas.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo (o nome não me foi dado conhecer à época).