Acrósticos : 

Soneto da hera

 
Nesse corpo, hera de folhas desgrenhadas,
Subindo de vagar, pé ante pé, silencioso,
Sobre mim, expectante, contráctil, nervoso,
Ponho o olhar e as mãos conspurcadas.
<br />Deposta a roupa, nua, coxas despertadas,
Tomo de um gole, torpe de desejo ocioso,
Ambos os seios de laje em copo sedoso,
Pelas minhas línguas duplas e insaciadas.

Avanço depois, entre a floresta virgem
Do teu sexo, rasa, opaca, ofegante,
Até que, exauridas, tuas pernas se tingem

De mim, do meu sémen e do meu suor.
E ínvios que somos, náuticos amantes,
Desconhecemos onde ir para deixar a dor.

 
Autor
Miguel Mota
 
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