Noite amena, o cenário é perfeito,
Sento na varanda, concentrado...
Analiso um tema, procuro um jeito
De me exprimir, silenciado.
Olho uma estrela, não fala,
Porém algo nela a permite brilhar.
Um cão a latir, que jamais se cala,
Que culpa terá se não sabe falar?*1
Respiro fundo, atento ao ruído,
O orgão vital parece um tambôr,
E ao silêncio é atribuído
Um tom ensurdecedor.
Resta saber, como poderei falar,
Se tudo o que digo, me vem atacar
Será que em silêncio consigo
Fazer algo brilhar?
Quando um som nada transmite
Fica a dúvida no ar,
Algo que escrita permite
Em silêncio clarificar.
"Even though i walk through the valley of the shadow of death, i will fear no evil..."
1- Se pudesse mos compreender o que por vezes nos querem dizer os animais, eles não se esforçariam tanto para se dar a entender. Por vezes o que se passa na vida real é o mau entendimento, pessoalmente eu não gosto de explicar alguma coisa a quem sei que não vai entender, ou que simplesmente já nos "conhece" e nos trata como se estivesse mos a falar animalês. Após nos apercebermos que nao somos capazes de entender alguma coisa, mentalizamos que é assim e acabamos por ignorar, como um cão a latir toda a noite passa despercebido.
Então concluí que muitas vezes mais vale tar calado do que falar pra atmosfera. Óbvio que é bom falar, e desabafar, e partilhar sentimentos, torna-nos mais leves, mas o que fazer quando um ouvido não entende animalês? Então atribuí audição ao papel, esse não duvida, entende todas as línguas, e guarda os desabafos pra sempre.
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