Sou uma porta sem pernas para chegar
Sou uma árvore sem mar onde flutuar
Sou um céu sem olhos para amanhecer
Sou uma cidade de ruas soterradas
Sou um barco sem cheiro a fogo
Sou tristeza sem pulmões de fantasia
Sou amor que sem medo mata os filhos
Sou a melodia sem páginas onde escrever
Sou amante sem mãos onde cresçam flores
Sou a pétala rasgada corpo lida qualquer
«Antes teor que teorema, vê lá se além de poeta és tu poema»
Agostinho da Silva