EXPOSIÇÃO
(Davys Sousa)
Exponho o espaço vazio de minha alma
Arrancando de seu abrigo, destroçada, em ruínas
Todos os segredos, agora, incobertos e incriminados
Por fazerem quem eu sou... triste, vazio, sombrio.
Exponho feridas que tenho na alma, misérrimas
Feridas que guardo. Recebo mãos que afagam
E mãos que me apagam coisas boas e humanas, lágrimas
Derramo, declarando cinzas meus próprios pensamentos
E lembranças, que digo que são infiéis a mim
Já que podem me atrair e lançar-me em abismos.
No frio zero de minha alma, o inóspito murchar da vida.
Sonho dias mortos onde enormes enchentes imaculam
Tudo que sou e põem-me máscaras... secretas, vivas...
Exponho o espaço vazio de minha alma
Sonhos perdidos, mágoas e ressentimentos alojados,
Desespero, desesperança, ódio de mim mesmo,
Lágrimas congelados no peito, feridas abertas, alma desencontrada,
Lamentações confidentes a mim mesmo, fugas dentro de mim,
As dores são como espinhos me despertando para a realidade
Que alheia de mim era vista em sonhos... um outro Mundo
Que me subjuguei há muito tempo...
Exponho um rosto afetado, triste e vazio
Que se olha a um espelho e não vê nada
E não crê em nada... Não vinga as falsas idéias!
Sou uma sombra do que fui, do que me estou,
Suicida porque me mato a cada instante.
Sou poeta desenganado com a realidade,
Místico, romântico, gótico... do sonhador
Trago seu lado sombrio que se encontrava
Numa imagem de um mundo fictício.
Minha alma está por um fio compulsivo
De afetações sorumbáticas, esquecida e abandonada
Com admiração ao vazio, pois ando a separar-me de mim mesmo
Na dualidade que transpareço ao momento que fujo mais e mais,
Tornando cinzas o que fui, e tornando sombra do que serei...
A natureza do meu estado da alma é vesgo, frio...
Exponho em mim tudo o que fui, sou e serei...
Escrita em 27 de Julho de 2007 (11:25)
Davys Sousa
(Caine)