A Isabel Câmara, a Bel,com seus incontáveis cigarros, em memória
nenhuma estrada me pertence
caminho por onde vou
estrada onde tropeço
passos noturnos
tudo isso me conduzirá à morte
ervas daninhas onde me enrosco
estrelas que me apeteciam os olhos
uma história
era uma vez um segredo
era uma vez outra história
se esbarro em mim nem me ligo
e sigo
vou de mão dada comigo
os pés ignoram a chegada
madagascar fica logo ali
ouço um barulho de mar nos ouvidos
estou louco exilado de mim
meu colo é a única distração
a ausência me envolve num beijo
meu corpo já não diz a que veio
madagascar - não!
a morte é que fica logo ali
(prossigo soletrando caminhos)
______________
júlio
(*) Isabel Câmara ou a Bel, simplesmente como a chamávamos, foi também representante ímpar da poesia marginal brasileira. destacou-se escrevendo para teatro. era natural de goiás, um estado, onde ela preferiu viver seu exílio voluntário. morreu dormindo em seu apartamento. teve o desgosto da falta de reconhecimento.sua obra é vasta.sua vida foi breve.faz falta - até o seu descompartamento faz falta.
Júlio Saraiva
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