Na lâmina encontrei o corte, encontrei a dor,
Rasgando minha pele, onde o talho se desenhou...
Mas não havia ódio, não havia rancor,
Não havia nada por onde o sangue escoou...
Mas era um sangue escarlatino...Vil...Doente,
Que regava uma vulgar semente no chão...
Matando sua cede com este sangue demente,
Fazendo brotar a flor, mas a consciência não...
Então deixe que eu sangre até a morte,
Deixe-me que sangre, miserável e analfabeto...
Deixe-me que sangre pela falta de sorte,
Deixe-me que sangre por não ter lar, não ter teto...
Cara lâmina santa, que encara o autocida,
Penetrando o coração impuro lentamente...
Anjo da morte, que por vezes esquecida,
Corta os legumes, querendo os dedos da gente...
Então me presenteie com seu fio de coragem,
Em um punhal de cume certeiro...
E guarde no reflexo da lâmina a melhor imagem,
De meu sangue quente...Vermelho...