Hoje, vasculhando minhas lembranças
Lembrei saudoso da minha infância
Tomei então do passado, o bonde
E viajei ao meu velho quintal
Onde brincava de pique-esconde
Jogava bola até anoitecer
Por que o tempo não me responde
Quando pergunto: "Tinha mesmo que crescer?"
Tinha pé de abacate, pitanga, limão
Um pé de jaca, banana maçã
Tinha salsinha, coentro e almeirão
Um pé de manga-espada, um outro de romã
Um pé de amora, semeado por passarinhos
Couve, chuchu, taioba, abóbora e feijão
Que a gente colhia e debulhava com carinho
Tinha mato que a gente arrancava com a mão
E tinha flores coloridas e perfumadas
Misturadas aos pés de mandioca e milho
Que mamãe plantava todos os anos
E dava pra ver nos seus olhos, o brilho
Por lembrar sua vida de roceira
Hoje em vez de terra tem ladrilho
E alguns vasos em estantes de madeira
Revirando as gavetas do meu passado
Voltei para o meu feliz universo
O lugar que me deixava feliz e extasiado
E que resolvi eternizar nesses versos
"Mais do que felicidade... eu tinha um quintal"