Viajei com meu colega para a cidade natal dele. Até aí tudo bem...
Cidadezinha de interior, período de festas...
Nos dias anteriores ao nosso retorno, hospedamo-nos no sitio de sua tia e tinha um “Arrasta-pé” em um povoado próximo. E é claro, não poderíamos perder a saidera... Saidera mesmo!
Na volta para o Sitio, por volta das 2h da manhã, viemos em turma de cerca de 20 jovens num “converseiro” só.
Eu quis passar um medo na galera, e sorrateiramente fui caminhando á frente do grupo, até ficar bem adiantado.
Encontrei uma espécie de vala, ou pequeno buraco. Não deu para identificar ao certo já que caminhava-mos á luz da lua. Deitei-me ali e aguardei para assustá-los quando estes chegassem perto.
Prestei atenção nas vozes cada vez mais próximas. Mas alguém dentre eles disse para apressarem o passo, pois não gostava de caminhar por aquele “Cemitério” à noite.
Eu quase congelei... Tenho pavor de cemitério.
Imediatamente me levantei de onde estava deitado. A garota na qual eu tinha dados uns beijos na festa gritou:
_ O morto levantou!
Eu gritei também:
_ Aonde?
Ninguém respondeu. E já que todos se puseram a correr... Eu também claro!
Corri no meio do mato feito um louco.
_ Me espera!
Eu gritava.
_ Corre, que ele está vindo atrás de nós!
Alguns alertavam.
Eu corria ainda mais... Já que o morto não parava de correr atrás de nós!
Cai duas vezes, a primeira vez escorreguei, a segunda tropecei em um toco... Sem contar que pareceria que estava levando uma surra de cipó daquelas.
Quando chegamos ao sitio, eu estava com a camisa rasgada, joelho ralado, suado, tremendo e chorando...
Foi desesperador...
Mas desapontador foi saber que o tal morto, era eu...
Ô brincadeira de mau gosto.
Kristine
Arrasta-pé: Baile popular de Forró
Converseiro: Jogar conversa fora, ou falar o que vem a mente.
Dicionário da Kristine.