Não ter medo da morte,
Desdenhar da sorte,
Depois de tanto açoite,
No corpo marcado de chicote.
Do velho capitão, capataz,
Casa grande e senzala
Do novo comandante, rapaz,
Mansarda e favela.
Ontem escravo da corte,
nas mãos do feitor
hoje escravo do corte,
nas mãos do malfeitor
Fugindo do cativeiro
feito Zumbi dos Palmares
Fugindo do tiroteio
feito Jaci dos Pilares
Um, herói imortalizado
pras bandas das Alagoas
Outro, anônimo mortificado
pras balas das chacinas
Pois, o treze de maio
ato tardio da princesa Isabel
não libertou as marcas do preconceito,
da segregação racial e da desigualdade social.
AjAraújo, o poeta humanista, refletindo sobre a exploração escravagista e a discriminação do negro na sociedade brasileira, o Brasil foi um dos últimos países a abolir a cruel escravatura, escrito em 5 de maio de 2010.