Foi o rio que me contou
Esta história de humildade.
Enquanto corria, presenciou,
Uma grande lição de verdade.
Havia um pobre lenhador
Que por uma ponte passava.
Tão embrenhado ia na sua dor,
Que não se apercebeu de nada:
<br />O seu pobre machado de ferro
O material da sua lida
Caiu ao rio, que por baixo corria,
Deixando o lenhador, que já sofria,
Mais aflito ainda.
Mas para sua sorte
Naquele rio vivia uma ninfa.
Compadecida pelo olhar do lenhador
Perguntou-lhe o porquê
Da sua dor
“Senhora, eu já sou tão pobre
Que nem consigo acalmar
A minha fome,
E agora que perdi
O meu ganha-pão,
Como hei-de os meus filhos sustentar?”
“Não te preocupes” – disse a ninfa.
E mergulhou.
Quando à tona voltou,
Trazia um machado de ouro.
O lenhador,
Mal viu o machado,
Declarou que aquele
Não era o seu.
Então a ninfa mergulhou.
Quando à tona voltou,
Trazia um machado de prata.
Assim que viu o machado
O lenhador voltou a insistir
Dizendo que o machado
Era muito mais humilde
Pois não era de prata nem de ouro.
A ninfa voltou a mergulhar.
E à superfície fez chegar
Um bonito machado de bronze.
O lenhador, já desesperado
Com medo de que o seu machado
Estivesse perdido para sempre
Voltou a reclamar,
Pois não era o que buscava.
Por fim, a ninfa mergulhou
E à superfície voltou
Com um simples machado de ferro.
O lenhador então
Sorriu para a ninfa,
Pois finalmente achou
O seu ganha-pão.
A ninfa também se alegrou
E, como prova da sua humildade,
Ao lenhador entregou
O de ouro, prata e cobre
Pois na sua pobreza
Observou sempre a verdade.
Poemas originais por Tânia Oliveira (Direitos reservados)