Não restou nada.
Nem ódios, nem alegrias.
Apenas resquícios de uma fumaça
De algo que tentou ser algum dia.
Não é um homem quem te fala.
É um campo imenso, neutro e vazio.
Uma alma envolta em mortalhas.
Uma mente na tênue linha do delírio.
Não restou nada.
Talvez ódios ou resquícios.
Talvez fumaças de alegrias
De algo não dito ou omisso,
De algo que tentou ser algum dia.
Não restou nem mesmo a fotografia.
Ou fios de cabelos na cama ou paletó
(Como dizia aquela música caipira)
Apenas uma lágrima cristalina
Uma dor ferina e só.
Logo aquilo que aparentava puro fogo
Que era imortal e o maior de todo mundo
Que enternecia a carapuça do ser mais imundo
Colocando chamas de estrelas no corpo todo!
Logo aquilo que logo virava canções e poesias
Saídas da alma tais quais pássaros azuis e loucos
Que arrefeciam aquentando o corpo pouco a pouco
E em êxtase maravilhoso lentamente se dissolviam!
Logo aquilo que embalava meus sonhos e coração
Que me despia de mim mesmo num infindo revoar
Que me fez acreditar que valeria a pena eu te amar...
Agora resquícios de incêndios, cinzas pelo chão.
Não restou nada.
Talvez ódios ou alegrias
De um fogo transmutado em cinzas;
Resquícios de uma fumaça
De algo que tentou ser um dia
E que agora não é mais nada.
Gyl Ferrys