Estou a ouvir o baloiçar do vento, que me despe os cabelos...
lisos e ávidos por carinho...as minhas mãos embalam entreabertas meu rosto, que disfarça desembaraço e cai em sinergia e dinamismo...e solta ao vento, rio, sinto-me torrente em canção.
Não imagino nem a hora nem o lugar, só deixo rolar o vento que vem e vai...
Num espelho d'água, fito-me, e me desvendo selvagem e menina;coincido em querer tocar a água mansa e cristalina...
Fria como o gelo dos montes, mas doce ao sabor da boca, adocicada pelo frio do vento, meu companheiro...gozo do meu momento.
Caminho a passos lentos, cadenciados e vago na trilha de meu infinito...o caminho a trilhar é um marasmo, ou quem sabe um bálsamo a ser exalado...
Ah! Ouço minha consciência, incontida em gotas de vento...
Sou inconstante neste instante, e se caminhar é preciso, viver é mais preciso...
Vivo o eternizar das horas, que há pouco não cronometrava, agora jazem mortas a facadas...horas espasmas...
Vem a indiferença, vem a dúvida, vem a mesma cena...
Adormeço entre os lençóis azul-marinho, e acordo com a janela aberta e uma leve brisa de vento em meu caminho.
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)