Deixa-me ler teus pensamentos,
Que teu corpo seja como pergaminho,
Para que nesses breves momentos,
Eu te leia com imenso carinho.
Do movimento estranho que revelas,
Quero conquistar o significado,
Quero dessa leitura, sequelas,
Soletrar o teu corpo endiabrado.
Os teus gestos são poesia,
Declamada em cada rodopio,
E com toda a fantasia,
Esse teu livro copio.
Meu coração avança na cadência,
O tempo recua em cedência,
Quando leio tua correspondência,
Renasce toda a minha existência.
Que sotaque é esse no teu jogo?
Que me faz ir perigosamente,
Ao encontro do fatal epílogo,
Que queria adiar eternamente.
E de repente, salto em frente,
Numa viagem repentina, dormente,
Meu olhar não mais se encontra,
Teu livro li secretamente.