Crónicas : 

Louco, louco, louco o homem do chapéu roxo.

 
Acordo de uma noite entrecortada de sonhos inacabados sentindo uma alegria inédita em minha vida adulta... uma reprise das alegrias infantis ainda vivas em mim...sorri o mais louco sorriso e o mais sincero, aquele que teria vergonha de mostrar aos outros, do sorriso nasceu uma risada que balançou minhas convicções e me lançou livre no mundo.Abri meu baú de impossibilidades, de la tirei um velho e inexistente chapéu roxo, coloquei na cabeça de cuecas e meias vermelhas, coloco a mais velha das minha calças jeans, pinto no peito um escudo do Corinthians e no rosto um sorriso inabalável e perene .Confiro o efeito no espelho, sento-me no colo de todas as atitudes que não havia tomado, todos os loucos sentimentos e sonhos que tive e não realizei, todas as emoções que contive, loucuras que não fiz, joguei todo o resto no cesto de roupas usadas assim como o bom senso que me restava e me havia tolhido tanto, sai procurando nas ruas e na gente de minha Sampa, o que havia perdido por não ser tão feliz como agora, não ter me permitido esta loucura.Cumprimentei , os postes as ruas as arvores testemunhas de meus passeios solitários infelizes e dos felizes e os vi me reconhecendo e retribuindo a atenção que jamais tiveram, as pessoas me encararam com um sorriso, ou uma risada de deboche, tiro meu chapéu roxo faço uma mesura para elas, e continuo andando pelas ruas cumprimentando o mundo e sendo por ele ignorado, uma borboleta azul diamante me convidou para passear.... la fui eu percorrendo a cidade atrás de minha borboleta azul, cicerone dos anjos das crianças e dos loucos.Ate ela pousar se transformar numa presilha nos cabelos da mais linda mulher que meus olhos viram, que mais linda ficou com uma presilha de borboleta azul encravada na cabeleira negra.Me olhou com simpatia e compreensão, vitimas deste olhar nos engajamos um no outro fomos vadear em frente ao Municipal, Viaduto do Chá, Anhangabaú, e toda cidade que era nossa e nós éramos ela.Nosso andar era quase uma dança nossos gestos coreografados de felicidade nas ruas, nas arvores, nas flores que éramos nós, as pessoas passavam emergidos que estavam nos seus cotidianos problemas, trabalhos e dramas, sequer se apercebiam a felicidade tão próxima de si. Naquele casal feliz e louco que havia se travestido de cidade e ostentavam nas mãos cada um, uma bandeira de taxi, escrito...Livre.Vida, vida, vida...que eu te quero viva...verde que te quero verde, felicidades que eu quero tanto...louco e feliz como sempre fui e jamais tive coragem de mostrar.

Carlos Said

*Baseado em Balada para um loco de Astor Piazzola e no grito de guerra do meu Timão...afinal ninguém é perfeito...

 
Autor
Carlos Said
 
Texto
Data
Leituras
1457
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/05/2010 17:10  Atualizado: 03/05/2010 17:10
 Re: Louco, louco, louco o homem do chapéu roxo.
para sermos felizes, dançar nas nuvens, passear pela rua chutando lata; as vezes precisamos vestirmos-nos de azul, por um chapéu roxo, colorir o momento, gritar a vida, sorrir de alegria com a nossa perplexidade. amar, amar, amar, como se fossem gols de placa.
sempre bom te ler amiguirmão.

fraterno abraço, Carlos. saudações RubroNegras. rss

zésilveira