Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me cega são os olhos.
São como lagoas cristalinas,
Ou a imensidão do universo,
Ou talvez luas traquinas,
Revirando meu mundo ao avesso.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me provoca fome é a boca.
Larga, como uma cesta de fruta,
Oferecendo seus lábios frutuosos,
Em forma de coração para que desfruta
O dançar de línguas afectuosos.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me ensurdece são os Ouvidos.
A magia das bobagens ao ouvido ditas,
Sussurros de amor, sensações estimuladas,
Palavras simples ou até mesmo interditas,
Arrepios soltos, invasões articuladas.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me segura são os Cabelos.
Cabelos são ondas, são devaneios,
Trazem a brisa para eu navegar,
Tal como as crinas, são freios,
Quando me encontro a ofegar.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me sustenta é o Pescoço.
Leito de mil mordidas e mil beijos,
Onde nasce a voz que reclama o desejo,
Pilar de fragrâncias escondidos,
Torre de marfim, santuário de meu festejo.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me apega são os Seios.
Adoro quando se libertam de seus cativeiros,
Quando se erguem de bicos rijos e febris,
De novo entregando-se às mãos, prisioneiros,
Ofertando redondas maciezas belas e gentis.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me dá vida é o ventre.
Esse vale místico de fertilidade,
A ligação umbilical da humanidade,
Afrodisíaco leito de minha insanidade,
Planície infinita de minha felicidade.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me prende são as mãos.
As mãos de uma mulher são poesia,
Seus dedos, bailarinas de fantasia,
Bailando provocam-me arritmia,
Deixando-me entorpecido ou em extasia.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me deslumbra são as costas.
Contemplar umas costas descobertas,
É maravilhar-se com a doçura,
São como persianas entreabertas,
Mostrando sua alma natura.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me faz correr são as pernas.
Se torneadas por Deuses desconheço,
Mas são magníficas torres de seda,
E tropeço perante, porque enfraqueço,
Perante a mais bela visão recriada.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me calca são os pés.
Se dourados pelo Sol lembram-me
Folhas alaranjadas simulando o Outono,
Se as cores se lhe evaporam,
Lembram-me flocos de neve,
Ou pétalas bailando ao vento.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me endoidece é o seu quadril.
As nádegas, são Montes de ternura,
É a eterna formosura,
Que em momentos de penúria,
É o regalo da fartura.
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me aprisiona são as coxas.
Se entre duas coxas imobilizado,
Deixo de ser civilizado,
Desbravo esse teu império,
Até às portas de teu mistério!
Se me perguntarem o que mais gosto numa mulher.
Direi que o que me subjuga é o seu sexo.
Já não gosto deles guedelhudos imagine,
Lembram-me a barba do Aiatolá Khomeini,
Gosto rentinhos ou que me lembrem Lenine,
E que aparentem o núncio Buccarini.
Libertando-me escraviza-me de facto,
Nesse mistério me rende fiel,
Mas o que me envolve de facto,
é a sua alma de Mel.