Não tenha medo de dizer adeus,
de bater o pé na soleira da porta
e pegar a estrada mesmo
que seja tortuosa,
mesmo que já não haja esperança.
A estrada é o novo
e o novo é o que sempre vem.
Renova o espírito e o corpo
com a mente que já não quer
o presente que se fez passado
e o passado que é enterrado
como os grãos da ampulheta
que se misturam como a história
de cada segundo,
morrendo num fundo escuro e abafado,
inertes e temerosos a quebrarem o vidro
e encarar o inesgotável desconhecido.
Não tenha medo de dizer adeus
nem que seja um tenebroso ensaio,
mesmo que fique metade da palavra
agonizante na garganta ou
que seja a fuga insensata de suas falhas.
A palavra não é para se prender no peito
e deixá-la tornar-se um fantasma de
seus desejos incomensuráveis;
a ânsia mata por dentro e resseca a alma.
Não torne-se inválido de suas vontades,
pois caminhar é preciso, seguir um fluxo a esmo,
um destino sem hora marcada e nem pousada,
um destino sem cobranças e expectativas,
não saber o que vai comer no momento seguinte
ou se a chuva que cair não irá te importunar.
Não tenha medo de dizer adeus, siga em frente,
Mesmo que seja até a próxima esquina.
São Gonçalo, maio de 2009.
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