Eu me quero pra mim,
Não real,
Não abstrato...
Só meus fragmentos,
Sem ansias
Sem sentimentos...
Quero taças refinadas
Pra beber a dor
Num só gole...
A enferma dor
Fatal e suave
Da liberdade...
Sentir o vento livre
Das feridas antigas
Que não doem mais...
Guardar nas veias
O meu sangue
Que não sangra mais...
Resgatar-me em mim,
E ser eu
Assim como estou
Em mim...
Sem vestígios,
Sem fim, sem início,
Sem ilhas...
Caminhar sem rastros,
Sem passado,
Sem vícios...
E gastar meu amor
No teu amor
Sem trilhas...
E em mim me atrever
A viver só por ti
Em mim...
Porque em ti
Não desabo
Com meus próprios abalos...
E me embebedo
De ficar só ouvindo
As estórias que contam
Os teus olhos calados...