Nunca mais consegui passar as festas de final de ano sem você. Quando vai terminando novembro, você se aproxima e fica, nos momentos em que me pego revivendo nosso Ano Novo único e último de 93. Ficou congelado à frente de qualquer outro, porque jamais senti um amor tão intenso e fraternal ao mesmo tempo. Era uma onda forte e suave. Um amor que conseguiu apagar aquele contexto, fazê-lo tão ínfimo, que desexistiu... Entendi que a minha atenção é que faz existirem as coisas.
Só havia aquele sentimento que transcendia tudo. Ninguém podia mesmo entender a nossa paz no dia seguinte. Só entende um episódio assim quem o sente, por isso sei que é possível e o entendo.
O pensamento é fantástico! É nele que vivo os meus momentos passados que não passaram. É ele que me permite estar com você naquele inesquecível Ano Novo que se repete todos os anos.
Os velhos rituais que eu inventava, as cores que eu estudava antes de escolher, as roupas novas, as lentilhas, todo o entorno que eu me exigia para a chegada de um ano próspero ficaram totalmente inúteis. Ridiculamente inúteis! Nós não precisamos de nada para passar aquela noite em absoluta paz e harmonia. Estávamos em um lugar onde, em tese, não podíamos sentir harmonia naquela noite de festa, entretanto, nada foi impedimento. Aliás, nossa pequenez de seres humanos não nos permite perceber a fragilidade de certos paradigmas se a vida não nos impuser determinadas situações. Acho que jamais alcançaria a pouca sabedoria daquela tese se não tivesse vivenciado aquela experiência. Oportunidade mágica que nos remete ao poder do verdadeiro querer-bem.
Sinto muita saudade de você quando o fim do ano chega. Quero lhe abraçar de novo daquele jeito leve, de jeito de filho amoroso encaixando a cabeça em meu ombro para se proteger do mundo. Sinto tanta falta do seu sorriso no meu!
Todo fim de ano você retorna inteiro e passa muitos momentos comigo: voltamos ao Jardim Botânico e, novamente, você se deita no banco daquela alameda e descansa a cabeça em meu colo. Ali ficamos falando de nós, nos compreendendo no olhar. Minha mão afaga os seus cabelos, lhe falando da minha disponibilidade , lhe declarando amor para sempre.
Nunca mais a paz tão pura e o amor tão incondicional tomaram conta de mim como naquela noite; penso que as pessoas das quais lembramos e pelas quais pedimos devem ter recebido aqueles ares amorosos...
Foi você, meu menino, que me proporcionou essa grande oportunidade. Sei que à custa de muita dor, mas me ajudou a crescer bastante, enxergar a vida com outros olhos!
Sou-lhe grata por tudo o que me deu. Trago você, vivo dentro de mim, integrado em meu próprio ser, por isso, para nós, mais uma vez, Feliz Ano Novo!
Lila Marques.
Re: MAIS UMA VEZ, FELIZ ANO NOVO. / Para a Lila Marques
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