Carcaça humana que rosna,
que rasga, que uiva,
que chora, que come das latas.
Trapos, farrapos, que vagam, que vagam
em busca do pão, cachaça
e água.
A pele depela a alma se esconde
na carne e nos ossos
do que já foi homem.
Já não há choro,
já não há lágrimas,
não há esperanças,
só ódio e mágoa.
A pirâmide pesa no centro do círculo,
mas está na margem,
na mudez do grito.
Carcaça humana, onde vais,
mancando e gemendo em sua agonia?
Carçaça humana, e o amanhã?
[rosnas, rasgar, uivar, chorar, comer de latas...]
...Viver mais um dia...
São Gonçalo, 04 de agosto de 2008.
Imagem: Retirantes, de Cândido Portinari.
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