Uma constelação fácil de ver é Órion. Para identificá-la devemos localizar 3 estrelas próximas entre si, de mesmo brilho, e alinhadas. Elas são as chamadas Três Marias, e formam o cinturão da constelação de Órion, o caçador. Os seus nomes são Mintaka, Alnilan e Alnitaka.
A CONSTELAÇÃO DAS TRÊS MARIAS
Quando as Três Marias, estrelas de uma constelação sui generis, constituída por seres etéreos com olhos luminosos e sorrisos enigmáticos, se alinharam naquele céu do poeta, foi como se uma estranha e incompreensível força as tivesse possuído para tal momento aonde, como competidoras por um olhar de Órion, o caçador, postaram-se lado a lado e exibiram suas mais belas cores, seus mais encantadores viços, tudo traduzido em palavras poeticamente arranjadas. Flores nos cabelos, saias coloridas e sandálias prateadas de luar recém instalado, fluidas serpentes nas águas do Lago Venturoso da Paixão, deixavam-se ficar impávidas, olhos atentos em rostos claros, translúcidos. Ventos sopraram de norte a sul, e o brilho das Três Marias iluminou de tal forma a tristeza do poeta que ele não resistiu e veio abrir a porta de seu recolhimento para apreciar a noite estrelada. Viu então Miltaka , Alnilan e Alitaka postadas em volta com seus olhares oblíquos de fêmeas, seus movimentos insinuantes de mulheres vestidas para matar, suas bocas pronunciando palavras ternas e suas mãos voejando como borboletas. Repentinamente um tango fere o silêncio como uma hemorrágica reverberação. É o poeta que encontrara um outro de si num descuido da guardiã castradora que o andava torturando. Estando assim desperto para a celebração do amor, disse seus mais encantadores versos para a amplidão sem fim. A constelação de Orion repousa nos milênios, três estrelas guarnecendo seus limites, enquanto o poeta é apenas um homem frágil diante do absurdo da existência e sua imantizada força atrai, com o magnetismo da sua poesia, a todas as estrelas , como as Três Marias, tão quietas agora nos seus retratos, no céu do poeta, olhando, olhando...