Acordo desfeito e angustiado nesta noite fria... Luzes que não sinto em sombras perdidas Intermináveis minutos impacientes Risos elevam-se no topo das árvores , abaixo o nevoeiro sustende o longe o meu olhar...
Ecos do fim proclamam partidas longínquas nas florestas perdidas... Santuário e um velório passado num caixão , ainda posso sentir o frio desse dia... Ainda sinto a calçada fresca e o cheiro dum ar desconhecido.
A chuva dum funeral A terra que chora Mulher de joelhos O sofrimento da perda
Virando as costas Corações quebrados Lugares esquecidos Vazios ancorados
Rostos perdidos como cânticos aveludados Segue esplendor o som nos solos quebrados... Numa rua iluminada posso ver as sombras no meu caminho Criaturas da noite analisam-me com tristeza e desalinho
Nas correntes da solidão submerge uma vela Provocam-se os meus sentidos esmorecidos A sua luz ilumina alma através do olhar Como o pálido e frio sabor da noite que me leva a segredar
Sentimentos desconhecidos neste vazio ao acordar Mundo sem sentido nem magia que um dia pretendemos encontrar
Sem Textura Sem Brilho A Terra desfeita em mil pedaços de loucura !
Bem no fundo surge uma voz dentro de mim Procura navegar sem norte voz num só grito... voz num só forte...
As teias finas que me envolvem de solidão solidificam no meu coração Purifica-se o sangue O meu olhar coagula Cegando-me sem piedade ás portas de secura
Fugaz sentido a verdade cega O Passado O Presente e Futuro...
A cada sinal de aviso numa mente fantasiosa Procura arranjar sentido para uma vida pavorosa
Cada canto e cada espaço da nossa idade Reflecte sedimentos irreflectidos Como brandas memórias e saudades Como sentimentos perdidos...
"Lé-me , ó Leitor , se te agrada ler-me , porque muito raramente regressarei a este mundo."