Num dia qualquer, perdido no tempo...
Vida que se esvai, segue
Vento que agita as folhas da amendoeira
Ondas que cobrem feito lençol a areia...
Crianças e seus castelos de sonhos,
Suas bolas, bicicletas, pipocas...
O velho pescador que há anos
Lança o anzol das mesmas pedras das encostas...
Dá um nó na garganta,
Um aperto no “Apex Cordis”
De quem em outros tempos
Aqui sentava ao cair da tarde
E destilava por entre as vagas horas do anoitecer
Seus devaneios, prosas, sonhos...
Mas sozinho de frente pro mar da Urca
Vinte e sete anos depois
Cresci tão pouco, me consumi bastante
Por quais causas e quais bandeiras?
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em julho de 1990.