A minha mente divaga.
Acelera em turbilhão.
Mas a memória não apaga,
Os anos de escuridão.
Sou aquele que já viu,
Toda a miséria do mundo.
E que também já sentiu,
O que era estar no fundo.
Como posso ter alegrias?
Se olhando á minha volta,
Só vejo males e alergias,
E gemidos de revolta.
Vejo meia dúzia satisfeitos,
E milhões desanimados.
Uns, vangloriam os seus feitos.
Os outros, só são usados.
Por razões desconhecidas,
Ou por mistérios escondidos.
As vítimas são esquecidas,
E os lamentos não são ouvidos.
Fico triste e pensativo.
Pensando nisto tudo.
Por esse mesmo motivo,
O que escrevo, eu não mudo.
Por muito que se queira,
Que fosse tudo normal.
Não se consegue sol na eira ,
Tendo chuva no nabal.
Trabalhar para aquecer,
Mais vale morrer de frio.
Trabalhas para nada ter,
E na vida não tens brio.
De que vale o sacrifício,
Que tu andas a fazer.
Fazes bem o teu ofício,
Mas mal ganhas para comer.
O que tens, é pouco ou nada.
Mas matas-te a trabalhar.
Uma sardinha enlatada,
É o que tens para mastigar.
Faça sol, ou faça frio,
Trabalhas no que calhar.
Tu na vida não tens brio,
Mas fartas-te de trabalhar.
O patrão, tu mal conheces.
Nem o acompanhas nas noitadas.
Mas cegamente obedeces,
Ás ordens por ele dadas.
zeninumi 25/7/2007
zeninumi.