A LANTERNA APAGA-SE
-Que os Deuses o acompanhem, irmão
E os ventos o favoreçam
-Honrem-no os fazedores das estrelas
E as giestas floridas da nossa terra
-Cordialidade esta do nosso trato, irmão
Rejubilo e sensibilizo-me com ela
Que essa cordialidade expresse o sentir dos nossos filhos
Que prenúncio de Mundo Novo traduzirá
-Subscrevo caríssimo irmão o seu pensar
E deixe que lhe diga que novos caminhos
Estão a semear estrelas no meu sonhar.
O que está a passar-se não parece
Mera obra de homens, o que me diz?
-Tudo o que posso dizer-lhe e num pasmo
Que germina dentro de mim desde a aurora
É que no início do meu caminhar
E vastas léguas tenho para andar
Cruzei-me com estranho homem
De tez morena ares de caminheiro
Homem do mundo inteiro
Para quem a humanidade
Sonho se tornara
-Curioso companheiro amigo
Do fundo da minha verdade lhe digo
Com esse Alguém também me cruzei
E os olhos ao céu eu levantei
Pela grandeza que nele vi
E que comigo acabava de se cruzar
-Não me diga que esse homem
Segurava na mão uma lanterna
Mas que não iluminava
Que o pavio se esgotara
Ao ver o ar de assentimento
Fez-se luz no primeiro
Ao saber que irradiava
Do homem da lanterna apagada
Um ar de felicidade incontida
-Diogenes é esse homem, caro irmão
Para sermos felizes temos hoje boa razão
Essa criatura é profeta e sonhador
Algo de importante ele procurava
Nem mais nem menos um Homem
Pelos vistos, pressinto agora
Das entranhas do meu ser, que sonho estranho em mim mora
Que Diógenes era mesmo esse Homem e que
Se se apagava a lanterna
É porque encontrado estava
O Homem que procurava
-Os Deuses ouviram a prece desse nosso irmão
E um mundo novo vai surgir das trevas
Antonius