Caia um céu estrelado /
Na estrada do meu descaminho /
Doce canção me mantinha calado /
Mas eu não estava sozinho...
Você insistia solene /
Velando o meu sono forçado...
Vinha querendo o corpo amado /
Agora inerte, sem vida, /
Procurava meu olhar conhecido /
Tocava o meu rosto gelado...
Eu - filho dos deuses – jazia /
Sacrificado no templo dos sonhos /
E você transformada num anjo /
Me buscava p’ra esta travessia...
Seu rosto, de mim se achegava /
E num sorriso, luzia, /
Sem medo, você me tocava ... /
Eu nada sentia...
E então, entoando uma prece /
De repente, mostrou-me o seu pranto /
Devagar envolveu-me num manto /
Abençoou-me num abraço sereno...
Senti o seu beijo querido /
Destruindo em mim o veneno /
E num milagre, eu, renascido /
Reconheci o seu olhar terreno...
E finalmente a sua mão desejada /
Macia e querida, mas forte /
Me guiou p’ra viver pelos mundos /
Da liberdade, do amor, /
Da paz, /
Sem morte...