Poemas : 

Um pássaro negro ferido na asa-regresso

 


Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.



Todo o corpo treme com a malícia dos dedos
Porque surge nas madrugadas de cem mil enlutados.
Na ressaca dos casacos de pele crocodilo
Tal como as bocas que não choram nos olhos as suas lágrimas
Hoje a lua.
Gira em direcção à terra
E tu acompanhas-me a casa
Mesmo eu longe
Mesmo que não presença
Contudo,
O vento semeia o teu rosto que se maresia no meu
Somos da noite longínqua minha imã
E com beijos vai este homem chorando o teu amor.

 
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Caopoeta
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/04/2010 06:12  Atualizado: 24/04/2010 06:14
 Re: Um pássaro negro ferido na asa-regresso
Caopoeta é dos escritores desta casa que leio invariavelmente, com agrado, até ao fim.
Já se viu que leio tudo que posso mas nem sempre leio até ao fim. Comentar, com duas palavras que seja, apenas se o texto me motiva a tanto.
No caso vertente sou tocado por várias imagens de serena e cristalina criatividade e o estilo de Caopoeta está marcadamente assumido. Simbolizar o quotidiano dos sentimentos, com simplicidade e impacto, sem recorrer a chavões gastos, habitualmente obscenos, não está ao alcance de qualquer um. E afirmar a melancolia essencial nos verdadeiros poetas, sem se ser soturno também não. Vulgar é ser-se obsceno e hilariante.Mas isso é falsa criatividade. É a criatividade do labrego.
Caopoeta está nos antípodas. Por isso o leio, por regra, até ao fim.

Abraço


Enviado por Tópico
Tália
Publicado: 24/04/2010 19:26  Atualizado: 24/04/2010 19:26
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 Re: Um pássaro negro ferido na asa-regresso
às vezes é bom sentir o vento como caricías para matar saudades de quem já não volta.

muito bonito

beijo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/04/2010 13:43  Atualizado: 26/04/2010 13:43
 Re: Um pássaro negro ferido na asa-regresso
Não te quero torrar a paciência, mas a tua sensibilidade escreve muito bem e eu vou lendo... lendo... e gostando muito


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 26/04/2010 21:32  Atualizado: 26/04/2010 21:32
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 um país que sobrevivesse ao caos - memória. ao caopoeta
lembrei-me disto:


gostava de ser simples mas a dor era-lhe um labirinto de enredos. chorava quando não sabia rir e ria quando não sabia chorar, as emoções eram-lhe frágeis, como pétalas de um nenúfar a afogar-se. o coração era-lhe palco de tristezas, dessas que chegam de manhã e duram o dia inteiro, ficam, a sussurrar lágrimas na epiderme de todas as peles. nunca soube de que lado do peito lhe doía mais, mas o esquerdo era-lhe mais pesado e por isso cambaleava. gostava de nomear as ruas, sempre as mesmas, por onde se perdia quando se esquecia do nome que era. gostava de ser simples mas era feita de silêncio e os silêncios são lugares complexos.


um beijo, mar.


p.s. sou uma labrega porque falo sem complexos de amor ou de qualquer outra coisa, possivelmente obscena e hilariante, com gosto.