Após experimentar o emplasto da segurança,
Desnudei meu corpo de mentiras adocicadas.
Lavei a alma dos desejos contidos.
Mantive-me firme sobre a linha cambaleante
Da incerteza,
E fragmentei a solidez da fé.
Castigado de pureza e martírio
Decidi sobreviver de entorpecentes.
Embebedar-me da seiva lânguida
Do corpo,
E degustar a eternidade
Do efêmero.
Desatei a poesia do peito
E projetei diretamente aos meus emblemas,
Moldando-a ao corpo venéreo
Da santidade humana.
Acorrentei minha divindade
Ao pé da mesa farta da minha luxúria.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros