Poemas : 

Ponto de fuga

 

Não fui sombra do meu sentir,
fui corda de guitarra em trinar alegre
num fado que espreitou sempre
para lá das ruas escuras
que lhe serviam de ninho.
Tracei destinos
num debruçar de deambulações
erráticas sem culpa formada
fui réu em julgamentos
onde presidia ao colectivo
absolvido em género,
condenado em juízo.
Desci as escadas da incompreensão,
calcorreei pedras de calçada
desfeitas nas nuvens ilusórias
que me perpetuavam a sensação de eternidade
e de novo sem culpas intravenosas
segurei-me no patamar das memórias onde fui feliz.

Não fui servo,
nem servi sequer a mim próprio,
fui gota de chuva trazida de reinos
onde a chuva não cai,
senti-me único entre pares,
rei sem reino,
traço sem tinta,
página de livro em branco,
costura sem linhas,
nau sem além mar,
de um mar sem sal.
Não fui nem sou,
sei que amei,
sei que amo.
 
Autor
jaber
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/04/2010 21:42  Atualizado: 20/04/2010 21:42
 Re: Ponto de fuga
Meu caro poeta, o amor também pode ser fuga poética. E tu, o ponto!
abraço
nuno

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/04/2010 21:53  Atualizado: 20/04/2010 21:53
 Re: Ponto de fuga
gostei desse retrato expandindo o amor em ponto de fuga a tender assim...
abraço amigo Valente.