SOLIDÃO
Autor: Carlos Henrique Rangel
De novo o frio
E a solidão...
Um silêncio
Quase um berro
Vigia a sala vazia...
E me espreita o coração...
Lá fora
A noite é um reflexo
Do meu peito
E eu lamento...
A tristeza
É menina má...
Brinca de machucar...
Dói
E ela sabe que dói...
Uma ruga pesa
Em minha testa
Que vontade de dormir
E acorda feliz...
Sonhar é bom...
SOLIDÃO II
Autor: Carlos Henrique Rangel
Nós que amávamos
Muito a solidão
Também a odiávamos.
E na multidão
De vazios
Ela imperava
Nos acolhendo
Em cantos de mesas
Acompanhados
Das mais frias cervejas.
Era nesse observatório
Invisível
Que vigiávamos
Os felizes
E os invejávamos.
Éramos sós
Por opção imposta
E amávamos
A solidão que odiávamos
E aos felizes
Que desprezávamos.
Nós que amávamos
Muito a solidão
Não a queríamos
E sonhávamos
Com a alegria
Dos normais.
SOLIDÃO DE MENINO
Autor: Carlos Henrique Rangel
Meus dezesseis anos ficaram em outro século...
O eu que era
já não sou mais.
Mudei tanto que não me reconheço no passado.
Mas sempre fica um pouco.
A solidão dos dezesseis ainda aparece de vez em quando.
E ela me sorri como velha amiga...
Mas não sou seu intimo...
Não mais...
No século passado no entanto,
eu era um solitário
Criador de estórias e fantasias.
Cada pequeno objeto era um personagem:
Meus “eus” melhores, mais fortes, poderosos.
O eu real era um tímido e carente menino
Apaixonado sempre... Sofrendo sempre...
Não sou mais assim... Acho...
Hoje me relaciono melhor com
Os outros e sou compreendido...
Em parte...
Tenho heróis escondidos na mente
E crio estórias …
Mas sou diferente daquele solitário menino.
Acho...
Apaixonei e apaixono ainda.
E sofro de amor e de outras coisas...
Mas se ficou alguma coisa...
Ficou pouco...
A solidão senta em minha mesa
Às vezes... Mas não lhe ofereço
Cerveja...
Não sou mais seu intimo...