Enquanto (José Luiz da Luz)
Enquanto houver um só gemido de dor:
ecoando pelos ares,
das entranhas dos lares,
da vida em desamor.
A paz será uma quimera inatingível;
um cometa vagante;
uma estrela distante,
no universo intangível.
Enquanto vibrarem em peitos lamentos:
de solidão, na liça,
de aflição, na injustiça,
na terra em sofrimentos.
Reinará uma louca selva tenebrosa,
de caça e caçador;
fuga e perseguidor,
na terra perigosa.
Enquanto a fome arrojar pelos caminhos:
as ruas, serão rios,
pelos ventres vazios,
à margem dos espinhos.
Vaga a civilização atada à cruz,
que na profundez chora,
aflita a Deus implora,
uma réstia de Luz