Linda deusa de marfim, lúbrica insensatez,
Voz rouca de marujo torpe de run,
Cabelos de mel e olhos de mar.
Deusa nórdica, vinde nos abençoar!
Com teu sopro de hálito embriagado &
tez pálida de anjo decaído &
carne libidinosa cobiçada,
ejaculada nas entranhas
por demônios que vociferavam o Rock and Roll!
Marcha fúnebre em meio à orgia nefasta.
Boemia santa a macular
Sua virilidade de fêmea no cio.
Bacanalle! Doce vida, luzes e projeções
Sobre o corpo que chora pelo número principal.
Fêmea efêmera, fêmea fatal!
Cocaína, quaaludes e haxixe no café matinal,
Gonorréia nas estantes dos supermercados.
Suprimento sadomasoquista em couro e vinil
Estendidos em almofadas de fumo barato.
Ó, deusa nórdica!
Não quebre o seu espelho no limbo astral
Que fomenta nossas ânsias por te venerar.
Ó, anjo-fêmea dourado,
Venha num fluído cósmico,
Na madrugada de meu íntimo
Para numa metamorfose simbiótica
Me amar.
Rio de Janeiro, janeiro de 2004.