Poemas : 

Todos os dias

 
Espelho interior de uma vaga
À solta se fosse livre
No escuro
Uma face com um ponteiro
Conta-quilómetros
Da grade invisível
Se não existisse
Um espinho
Uma luxúria normalizada
Se fosse normal
A morte anunciada
Sem animal
Uma máscara às moscas
De porcelana mole
Enquanto não quebrar
Voz de demónio
A sangrar pelo freio
Pêlos eriçados
Na noite do meio
Dos cães exaustos.






 
Autor
Carlos Ricardo
 
Texto
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Enviado por Tópico
jaber
Publicado: 18/04/2010 22:16  Atualizado: 18/04/2010 22:16
Membro de honra
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Mensagens: 2780
 Re: Todos os dias
eu gosto sempre de um poema que me obriga a relê-lo, extasiar-me no ritmo da palavras e depois beber a mensagem ainda que sinta que aí nem sempre sou feliz, mas tento.

Abraço Carlos

Enviado por Tópico
Carlos Ricardo
Publicado: 18/04/2010 23:05  Atualizado: 18/04/2010 23:05
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Mensagens: 1801
 Re: Todos os dias
Jaber,

compreendo o seu comentário e, a maioria das vezes, procedo como diz, quando leio.Mas nem sempre o texto ou o poema é portador de mensagem. A mim, em poesia, pouco ou nada me importa a mensagem. A linguagem pode funcionar lindamente sem ser para «explicar, edificar, moralizar, muito menos para acomodar, tranqüilizar, adormecer tal como uma igreja ou partido político». E não apenas pela exaltação dos sentidos. Pode ser mesmo pela sua "abolição", ou "suspensão". O simples nomear pode ser uma experiência estética ímpar.
Obrigado pela atenção e pelo comentário que muito apreciei.
Abraço

Enviado por Tópico
eduardas
Publicado: 19/04/2010 19:10  Atualizado: 19/04/2010 19:10
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 Re: Todos os diasp/Carlos
Gostei desta abordagem sobre a mais velha profissão. embora digas que não dás mensagem, quem ler e fruir sente o poema assim.

bj
Eduarda


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 28/05/2010 02:44  Atualizado: 28/05/2010 02:44
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 Re: Todos os dias
Li e reli e concordo com o que disse a Eduarda, em tudo. Bom te ler. bj