Matem-me,
Matem-me que sobro à vida
Foi o poema que mais vezes te li
Num rasto de verso quebrado
Desagua perverso e não basta
E é delito de escrita, de verbo dão
Entre sobras de restos
Abastado tártaro, nasces de composição
Prato de cinzas, estrada esmadrigada
Lambes, salivando o mais impuro cão
Matem-me,
Matem-me que sobro à vida
Foi o poema que mais vezes te li
«Antes teor que teorema, vê lá se além de poeta és tu poema»
Agostinho da Silva