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Não preciso de caixão

 
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NÃO PRECISO DE CAIXÃO

Com o tempo surge o desanimo da vida
Até o corpo não resiste às mudanças da lua
E a tristeza fica em mim retida
Nem ouço os passos das gentes na rua.
A cabeça parece a mó dum moinho
Andando sempre à roda
Das coisas que se aproveitam, nem adivinho
Tudo parece fora de moda.
Assim como estes caixilhos da janela!?
E até a ribeira ao longe que avisto por ela.

Trago secos meus gestos
Um mar dentro da minha cabeça
Do meu sol, já sobram os restos
Fecho a janela antes que adormeça.

Choveu no meu corpo inteiro
E de lama desfeita me deito
Olho a última vez os pássaros, respiro da giesta
o cheiro...
Deito a memória no lastro do peito.

Uiva o vento com alguma intensidade
As gentes vivem num arrastar pesado
Arrastam-se numa pesada saudade!?
Que do presente nada possuem, só o passado.

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Por que há-de a Vida condenar-me
Até sonhando me traz inquietação
Há-de vir a morte roxa pegar-me!
Pois me entreguem à terra, não preciso de caixão.

Rosafogo
Este poema vai a concurso na camara de Niscemi
província de Caltanisetta Secilia - Itália

Non ho bisogno di una bara!

Con il tempo il scoraggiamento della vita
Fino a quando il corpo non resiste mutamenti della luna
E la tristezza in me viene mantenuto
Né sentirei i passi della gente per strada.
La testa appare come un mulino di macinazione
Sempre a girare
Approfittando delle cose, non indovino,
Tutto sembra fuori moda.
Poiché queste incornicia la finestra!?
Anche il fiume la distanza che le ho posto.

Io porto i miei gesti secchi
Un oceano nella mia testa
Il mio sole, dato che i detriti lasciati
Chiudo la finestra prima di addormentarmi.

Ha piovuto per tutto il mio corpo
E io di fango mi riempio, e mi addormento.
É l'ultima volta che guardo gli uccelli,e il respiro l'odore dei fiore...
Sdraio la memoria nel pavimento del mio petto.

Vento ululante con una certa intensità
Le persone che vivono in un trascinamento pesante
Creep in una nostalgia pesante!?
Che non hanno niente di questo, solo il passato.


Perché la vita mi condanna?
Anche sognare è preoccupante
Verrà la morte viola a prendermi
Quindi mi libererà a terra, non ho bisogno di una bara.

Rosafogo

Vai a concurso de poesia na Câmara de Niscemi
na província de Caltanisetta na Secilia- Itália.

Para o meu neto Giuseppe Lombardo


Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe



 
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rosafogo
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Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 17/04/2010 18:16  Atualizado: 17/04/2010 18:16
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: Não preciso de caixão
A fuga do Tempo rouba-nos muito da nossa alegria, mas por outro lado, apura a lucidez - o que também em poesia se torna enriqueceDOR.

A saudade e a melancolia, imprimem um toque refinado às palavras.

Um abraçooo!

Abilio


Enviado por Tópico
Beija-Flor76
Publicado: 17/04/2010 18:20  Atualizado: 17/04/2010 18:20
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2010
Localidade: PORTUGAL
Mensagens: 2080
 Re: Não preciso de caixão
Começam a faltar-me as palavras para que não me torne repetitivo.
fico por aqui, gosto e quando se gosta gosta-se e pronto .
Beijinho
Beija-flor


Enviado por Tópico
AuroraRosado
Publicado: 17/04/2010 18:23  Atualizado: 17/04/2010 18:23
Colaborador
Usuário desde: 18/03/2010
Localidade:
Mensagens: 623
 Re: Não preciso de caixão
Foi muito bem conseguida a expressividade das imagens que usa para dar voz à apatia e ao desalento, companheiros da vida que passa e da morte que se aproxima. Aprecio muito os seus textos.

Bj


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/04/2010 18:39  Atualizado: 17/04/2010 18:39
 Re: Não preciso de caixão
Ultraromantismo, a jeito de Soares dos Passos (quem se não lembra da Noivado do sepulcro?), com dramatismo exacerbado. A construção é engenhosa e bem reforça o tema.

Aplaudo

Bj


Enviado por Tópico
Mariaa
Publicado: 17/04/2010 18:45  Atualizado: 17/04/2010 18:45
Colaborador
Usuário desde: 23/08/2009
Localidade: Braga
Mensagens: 2621
 Re: Não preciso de caixão
A morte amiga é o nosso fim último
aquilo que temos mais certo
e ficar à espera dela sem ritmo
e com tudo num garande desacerto,
não minha amiga, nem de longe, nem de perto...

Vive o momento presente com paixão,
se as brasas estão mortiças eu sopro
para que se avivem e teu coração
voe por aí divertido num sonho raro...

Deixa o comboio seguir no trilho
e não saias já na próxima estação,
pois ainda vais parir um e outro filho,
esses versos que embalam a razão!

Afina bem esses teus vivos desejos
e dá-lhes total liberdade amiga,
e no teu céu verás surgir mil lampejos
e uma vontade de cantar alegre cantiga!

Mas contudo diz sempre o que sentes
e no que emana da tua pura alma
dia-a-dia tu serenamente atentes
e descubras a paz e a infinita calma!

N BEIJOS E MIL ABRAÇOS SIDERAIS
DA AMIGA AO DISPOR
Maria*+* *+*


Enviado por Tópico
VónyFerreira
Publicado: 17/04/2010 21:16  Atualizado: 17/04/2010 21:16
Membro de honra
Usuário desde: 14/05/2008
Localidade: Leiria
Mensagens: 10301
 Re: Não preciso de caixão
a vida vai-nos tirando os sonhos, o encanto,
mas nunca por nunca permitas que ela te
reduza a essa tristeza crónica.
Rosa, que poema triste!!!
Não te quero ler assim deprimida, percebes?
O poema é triste mas belo, mas deixa
como que uma angustia a divagar...
Adorei a tradução em italiano, uma
que considero muito dócil para se cantar o amor.
Beijo
Vóny Ferreira


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/04/2010 21:48  Atualizado: 17/04/2010 21:48
 Re: Não preciso de caixão
o passado é realmente o unico presente adquirido
e a tal caixa é apenas uma caixa
bj.
Alberto


Enviado por Tópico
anonimuzz
Publicado: 18/04/2010 18:33  Atualizado: 18/04/2010 18:33
Muito Participativo
Usuário desde: 29/10/2009
Localidade:
Mensagens: 91
 Re: Não preciso de caixão
O caixão é a derradeira tentativa de controlarmos a morte e o que vem com ela: o desaparecimento total das nossas memórias e pensamentos, do nosso corpo e tudo o mais que nos define. Mas antes mesmo de morrer, já as nossas vidas começaram a apodrecer há muito tempo e a deixar-nos neste estado de melancolia que bem se retrata no texto. Nah, não precisa de caixão.



Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 18/04/2010 18:39  Atualizado: 18/04/2010 18:39
Colaborador
Usuário desde: 25/05/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 2220
 Re: Não preciso de caixão
Rosinha, temo começar a tornra-me repetitiva, mas restam-me poucos adjectivos para ti. Para a tua poesia também, mas eu tenho este estranho hábito de amar primeiro os autores e só depois as obras...

Minha querida, dane-se o concurso, apaudo-te em pé pela mulher de força e raça que és!


Beijinhos dos dois!


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 19/04/2010 01:52  Atualizado: 19/04/2010 01:52
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Não preciso de caixão
Já estou feliz por voce, minha querida! O poema esta perfeito, torço daqui para que ganhes, mas também já é um ganho participar! Que legal! Beijo de pura sorte pra ti.