Grito por ti nas horas soltas do tempo.
Não te ter causa-me dor por dentro,
Onde me encontro sozinho quando me percorro.
Adormeço a ansiar que me agarres de vez
Sabendo, agora, que essa luz me é proibida.
A tua luz, sempre reluzente, mas difícil de alcançar.
Vejo-te poema de horas tardias,
Que escrevo com desespero por estares tão longe,
Onde as palavras se confundem umas com as outras,
Seguidas pelas anteriores que te quis dedicar e
As próximas que não sei se deva escrever.
Construo-te em versos e rimas
Que fogem, entretanto, não sei bem para onde
Por entre os meus dedos, a caneta e o papel.
És memória da minha lembrança e afogas o meu pensamento
No teu inebriante cheiro.
Choro, pobre e sozinho, esta escrita que me apetece apagar
E não consigo, por estar preso à tua boca que anseio provar.
Nem na Primavera as flores me trazem o pólen e a tua presença.
Há ao meu redor a beleza que és de braços abertos
E nas estrelas do céu se desenha a tua face.
Não há outras quando te tenho no coração
E a minha mão se abre à espera da tua.
É esta a ferida que me arde no corpo preso
E à espera que o encontres de vez.
16 de Abril de 2010
© Gonçalo Lobo Pinheiro