Poemas : 

[trouxe comigo um verso do rui knopfli]

 
trouxe comigo um verso do rui knopfli
para que não dizendo
entre margens dizer-te um poema
contigo dentro rio um poema
pois tudo entre nós foi dito


Xavier Zarco

 
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Xavier_Zarco
 
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 15/04/2010 20:39  Atualizado: 15/04/2010 20:39
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 Re: [trouxe comigo um verso do rui knopfli] para xavier
lá fui eu fazer os "tpc" ...rs.com muito prazer!

"[...] Era bom
e certeiro, acreditem, esse verso
arisco e difícil, que se soltara
dentro de mim. Mas meu filho
riu e o verso despenhou-se no cristal
ingénuo e fresco desse riso."

gostei muito de descobrir mais um poeta maravilhoso:rui knopfli.que,tal como tu,valorizava o tempo e o trabalho na escrita.

aposto que o julio saraiva íria gostar daquele:"mania do suícidio"(rs).eu achei genial.

abraço


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 15/04/2010 21:02  Atualizado: 15/04/2010 21:02
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 [sem nada de meu do rui knopfli ao xavier]
"Dei-me inteiro. Os outros
fazem o mundo (ou crêem
que fazem). Eu sento-me
na cancela, sem nada
de meu e tenho um sorriso
triste e uma gota
de ternura branda no olhar.
Dei-me inteiro. Sobram-me
coração, vísceras e um corpo.
Com isso vou vivendo."



Rui Knopfli
Memória Consentida: 20 anos de poesia 1959-1979
INCM, 1982


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 15/04/2010 21:06  Atualizado: 15/04/2010 21:06
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 [testamento do rui knopfli ao xavier]
permite-me deixar só mais este poema, quanto a mim, o melhor. um testamento .


"Se por acaso eu morrer durante o sono
não quero que te preocupes inutilmente.
Será apenas uma noite sucedendo-se
a outra noite interminavelmente.

Se a doença me tolher na cama
e a morte aí me for buscar,
beija Amor, com a força de quem ama,
estes olhos cansados, no último instante.

Se pela triste monotonia do entardecer,
me encontrarem estendido e morto,
quero que me venhas ver
e tocar o frio e sangue do corpo.

Se, pelo contrário, morrer na guerra
e ficar perdido no gelo de qualquer Coreia,
quero que saibas, Amor, quero que saibas,
pelo cérebro rebentado, pela seca veia,

pela pólvora e pelas balas entranhadas
na dura carne gelada,
que morri sim, que me não repito,
mas que ecoo inteiro na força do meu grito."



Rui Knopfli

Obra Poética
INCM, 2003




um beijo,
mar.