Luso-Poemas
 
Prosas Poéticas : 

MISTÉRIOS DA LUA

 
MISTÉRIOS DA LUA
 
Mistérios da Lua (II)

Vi-a nascer, parida por uma curva mais desanuviada do meu caminho. Circundada de noite, inundada de sol. Plena. Tinha na face gordinha de criança travessa, covinhas de riso fácil e tons de láctea luz, ainda velada pela inocência de rendas brancas. Perseguiu-me fielmente, saltitando o lado Este da minha rota rumo ao Norte. Tal qual uma bola enorme, brincalhona, insuflada de vento que se fizera frio e ora a encobria, ora a descobria de nuvens cúmplices e fugazes, verdadeiras companheiras de folguedo.

O meu olhar, incapaz de agarrá-la, perdeu-se das estrelas tímidas, que pareciam ter-se retirado, em respeitosa reverência à princesa da noite, coroada de luz...

Reencontrei-me com ela já moçoila de formas definidas, majestosa e soberana. Um halo magnífico, feito de poalha de neblina, coroava-a de diadema precioso, com reflexos de arco-íris. E agora?... Ah, dir-se-ia que estava vestida de noiva, envolta em diáfanas sedas, filigrana de rendas, tule branco, que ela parecia arrastar em cauda, graciosamente subindo a escadaria forrada a veludo azul escuro. E todo o Céu reflectia em festa, brilhos argênteos... Linda!

Desapareceu de seguida, levada pela sinergia do Universo irrequieto, ou talvez por uma nuvem mais ciumenta e possessiva... Ou pela minha pressa de chegar a norte...

Ainda a vi, de soslaio, umas vezes e outras. Mas já muito acima do meu caminho, já muito enredada em correntes de pesadas nuvens. Já muito enrolada pelas tramas dum tempo agreste, ora fingindo-se de minguante, ora refugiando-se num quarto pretensamente crescente. Não mais completa e arrojadamente nua...

Até que a nebulosidade a tomou por completo, se fechou sobre ela, como cobertor grosso. Não sei se a protegê-la do frio ou a tolher-lhe o soberbo reinado. Só sei que lágrimas caíram...

(Choveu...)




(escrito sob(re) a lua do dia 13 de Dezembro de 2008, que me fez companhia parte duma viagem Lisboa-Régua)

Teresa Teixeira


 
Autor
Sterea
Autor
Textos deste autorMais textos
Rss do autorRss do autor
EstatísticasEstatísticas
 
Texto
Data
Leituras
2744
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
Enviar este texto a um amigoEnviar
Imprimir este textoImprimir
Salvar este texto como PDFCriar um pdf
13 pontos
5
0
1
Recentes
Migalhas
Folhas do meu desvento
momentos de vidro e luz
Remendo
Mancheia
Aleatórios
VESTÍGIOS
COROA POÉTICA (Esmeraldas, ouro e estrelas...)
ARCO-ÍRIS DE HAIKAIS
RECEITA DE NATAL (Pode guardar, conserva-se lindamente...)
Sem pressa, mas com urgência
Favoritos
... A alma não toca o solo de todo
amar é deixar partir
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Dakini
Publicado: 20/05/2010 11:12  Atualizado: 20/05/2010 11:12
Da casa!
Usuário desde: 24/03/2010
Localidade: Espaço reduzido
Mensagens: 338
 Re: MISTÉRIOS DA LUA
Uma viagem com um enredo interessante, sob um também belo cenário


Maravilha de texto

Bjs


Enviado por Tópico
augustocola
Publicado: 20/05/2010 17:34  Atualizado: 20/05/2010 17:34
Da casa!
Usuário desde: 22/07/2008
Localidade: ES - BRASIL
Mensagens: 270
 Re: MISTÉRIOS DA LUA
Após o dia outra noite virá acompanhada de lua clara e muitas estrelas para iluminar o caminho do poeta tornando sua alma repleta de sonhos e poesia.
Abraços!
Augusto


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/05/2010 10:45  Atualizado: 21/05/2010 14:34
 Re: MISTÉRIOS DA LUA
Vá lá diz que já não tinhas sentido a minha falta! Vim aqui seguindo os reflexos de lua. Agora vejo que isto está lindo sim senhor! Gostei muito desta tua viagem ao luar.

E porque parece que anda por aqui muitos "a(lua)rados", aqui te deixo outro pra troca.

O Beijo Da Lua

Na cadencia dos sentidos
Palpitares desmedidos
Ao longe o teu olhar
Em fragrância de lirios
Sentimentos baloiçando
O
sangue em fúria
As veias escaldando
t
e
u
olhar
Sorriso cativante
Noite amena
Encontro
Desencontro
b
e
i
j
o
*
Ao luar
Doce
Terno
Ameno
Em absorção dolorosa
Desencanto...
Ocasional
Acidental
Sem existência
O acordar
Tempo parado
O permanecer
Igual
Depois d`a Lua ter beijado.


By Beijo azul@
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?

Links patrocinados

Páginas em

Páginas sobre