16
O livro da vida de cada um de nós tem somente uma página. Passamos uma vida inteira a olhá-la. Quando chegamos ao fim descobrimos que tudo o que foi escrito não foi por nós e nem corresponde ao que queríamos.
17
Tristes são os que tendo tudo ainda invejam o naco de pão na mão do faminto!
18
O poder confere a ilusão de que estamos acima dos outros. A humildade revela a condição de sermos melhor que eles.
19
O sonho atribui ao homem a capacidade de recriar o mundo que gostaria fosse o seu.
20
É mais fácil para os governantes, numa crise, retirar a cada um dos mais pobres um pão, que exigir aos culpados a responsabilização pela má gestão dos recursos dos desvalidos.
21
Esmeram-se na apresentação da Omnipotência de um Deus vingativo e cruel, para que o tememos. O amor é relegado para segundo plano, sem alegria para o vivermos, ocupados que estamos a esconder Dele os nossos verdadeiros sentimentos.
22
É mais fácil criticar um insucesso que aplaudir um êxito.
23
Entre dois pontos a distância mais curta é uma recta. Entre dois seres que se amam a distância mais correcta é a lealdade.
24
A hipocrisia tem destas coisas... Num dia, na janela de um frondoso palácio, deseja-se felicidade, saúde e amor, ao mundo; no dia seguinte, por detrás da mesma janela, fomenta-se a guerra, o ódio e a revolta. Tudo em nome do mesmo Deus...
25
O que mais me perturba não é a felicidade, nem a a alegria. Mas saber que os infelizes tentam encontrar, de todas as formas possíveis, motivos para sorrir, com o intuito de demonstrarem ao mundo aquilo que interiormente não conseguem senti.
26
É tão importante para os heterossexuais demonstrar
a sua orientação masculina, que nem se apercebem do ridículo em que caiem, nem do desinteresse que os seus iguais revelam por eles! Afinal, nem conseguem ser originais!
27
Mais triste que não conseguir atingir um objectivo, apesar dos inúmeros esforços e das vãs tentativas, é passar pelo mundo como uma sombra e não ter objectivo nenhum!
28
Belo é o homem que consegue transportar o perfume das flores entre os dedos, um raio de sol entre os lábios, a felicidade do amor no olhar.
29
A grandeza do homem torna-se notada quando na maior agrura consegue sorrir, na maior dificuldade consegue ajudar, na maior tristeza consegue confortar, na maior agonia consegue distribuir esperança.
30
Que bem ficamos perante terceiros quando criticamos os erros alheios...! Que bem ficamos perante nós quando descobrimos que somos capazes de observar nos outros um manancial de virtudes.
31
Para nós, o ideal seria haver um mundo que fizesse tudo aquilo que gostaríamos. Porém, esquecemos que o ideal desse mundo é que façamos aquilo que ele quer.
32
O conformismo é a forma primária do comodismo. A inércia, a justificação para uma e outra coisa.
33
Damos tanta importância ao facto de não darmos motivos para que os outros falem de nós que nos esquecemos, muitas vezes, da circunstância de ser quem somos.
34
Rimos dos loucos porque, no seu mundo de fantasia, são aquilo que desejam. Se eles soubessem que a nossa loucura consiste em renegarmos a fantasia... Certamente também ririam de nós!
35
Admiramos a beleza de todas as coisas naturais pela sua simplicidade. Admiramos os sentimentos mais puros, quando existem, pela sua graciosidade. Quão grande é a nossa capacidade para qualificar tudo o que não nos pode adjectivar!
36
A solidão reveste os nossos passos de ausências. Parece que todos se afastam de nós... Afinal somos nós que, teimosamente, não conseguimos aceitar as mãos que se estendem.
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