Queria escrever
um poema normal
- comportado
bem convencional
com métrica e rima
enfim... tudo em cima
Assim que escrevi
- juro que vi
o poema danado
como um condenado
fugir do caderno
- que inferno !
pingou no carpete
- que topete!
pulou pelos cantos
atiçou o cachorro
- socorro!
brigou com o vizinho
me fez uma pirraça
- que desgraça!
O poema levado
- filhote do cão
abriu o portão
e saiu pelo mundo
voando e sorrindo
gozando de mim
e dizendo assim:
“- Sou livre poeta!
Seu caderno é prisão
as pautas são grades
não sou pássaro na mão
eu sou dono da sina
vê se aprende
você não me ensina
você não me prende”
Notei neste instante
que estava sozinho
e ao invés de um poema
criara um monstrinho
Dionisio Teles