Tornei-me duro
sem emoções como as penedias!
O desassossego na procura
do impossível
transformou-me num inferno
os dias.
Quis matar
o tempo sem dele ser o dono…
Neste repetir de imprecauções
quis enterrar
o sofrimento.
Endureci o cenho, e as feições
tornei-as de ferro e cimento.
Fiz sofrer à minha volta
quem por mim se debatia
aflito,
para me moldar o génio
e adoçar o coração.
Mas em mim o grito
insistia
que o meu Céu florido era a revolta
e a inquietação.
Fantasmas que me atormentam
invisíveis
e alimentam
o sono que já não durmo
nesta idade em que medito na outra
em que troquei Deus
pela Liberdade.
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memórias dos sentidoa (Poema 42)