Ela é uma boneca fina e tão perfeita
Feita da mais rara e pura porcelana
Na estante sua aparição única enfeita
É em relicário com vestido de cigana...
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E eu sou um pobre pierrô esquecido
Num canto da sala, sou imagem perdida
Já fui brinquedo novo e querido
Mas o tempo desbota-me sem medida...
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Ela é tão linda em sua posição de nobre
Em sua redoma de cristal é cercada de atenção
Todos a vêem, e esquecem do palhaço pobre
Boneca do olhar vidro, também me chama a atenção...
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Boneca séria parece que nunca irá sorrir
E eu mesmo quebrado, tenho o olhar tolo e vivo sorrindo
Mas eu sei, que essa boneca não sabe mentir
E já percebe que sua redoma está partindo...
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Esperando a hora mágica, o menino está a sonhar
Retornarei a vida, da luz da lua ficarei escondido
Em uma valsa de grilos, com está boneca vou bailar
Mesmo que ela ainda esteja protegida nesta redoma de vidro...
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É muito fácil quebrar esta sua redoma
O amor se empresta com um martelo poderoso
Com um beijo, martela o sentimento que lhe toma
Beijar sem restrições será muito mais gostoso...
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Que o desejo desta hora faça-me assumir homem
Retirarei a roupa desbotada e lavarei a tinta do rosto
Boneca mulher, meus sentimentos por ti não somem
E quero o teu beijo, para descobrir o teu gosto...
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Vamos amar na madrugada, em um silêncio sem dor
Tu boneca de porcelana, eu palhaço de brinquedo
A ceda misturada ao trapo, um amor que mistura a cor
Desvencilhando a magia, quebrando com um segredo...
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Quando chegar o dia, espantando o horário de Troll
Voltaremos exorcizados, nada mais ficará parecido
Boneca de ceda na redoma de vidro, rodeada de sol
Palhaço de pano, brinquedo em um canto esquecido...